PLP-TD
é o vencedor da categoria Cidadã do 5º Prêmio Anamatra de Direitos Humanos.
O
projeto Promotoras Legais Populares pelo Trabalho Doméstico Decente - PLP-TD,
projeto de extensão da Universidade Católica de Brasília (UCB), é o vencedor da
categoria Cidadã do Prêmio Anamatra de Direitos Humanos 2012.
A
equipe agradece a todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente na
construção e execução do projeto e dedica o prêmio a todas as trabalhadoras
domésticas do Brasil, especialmente às mulheres lutadoras da Cidade Estrutural,
que conosco compartilham saberes! Que essas mulheres sejam sempre lembradas por
construírem um país mais justo e efetivamente democrático!
Atenciosamente,
Equipe
do Promotoras Legais Populares pelo Trabalho Doméstico Decente - PLP-TD
___________________
A advogada recifense Judith Karine, coordenadora do Projeto e professora do curso de Direito da UCB, é membro do Grupo de Pesquia "O Direito Achado na Rua", do curso de Direito da UnB
____________________
Projeto:
Promotoras Legais Populares pelo Trabalho Doméstico Decente (PLP-TD).
O
PLP-TD é um projeto de extensão ligado ao curso de Direito da Universidade
Católica de Brasília. O projeto tem como objetivo principal capacitar
trabalhadoras domésticas para a defesa dos seus direitos e construção ou
fortalecimento de sua organização sindical, com base nos direitos humanos. Por
isso, tem foco na pesquisa-ação e baseia-se nas perspectivas de uma educação
inclusiva e libertadora e nos fenômenos de gênero e raça para redesenhar o
cenário de opressão em que vivem as trabalhadoras domésticas no Brasil,
compreendendo o fenômeno do racismo-patriarcado-capitalismo. A capacitação das
trabalhadoras ocorre por meio de oficinas que as estudantes, professoras da UCB
e a Marcha Mundial de Mulheres realizam com as mulheres na Estrutural, numa
casa de movimentos sociais da cidade, nas tardes de sábado. O projeto acontece
desde 2011 na Cidade Estrutural.
Parceiros
da ação: Universidade Católica de Brasília, Estudantes do Curso de Direito e
Serviço Social, Marcha Mundial das Mulheres (MMM), do Movimento de Educação e
Cultura da Estrutural (MECE) e com o apoio do Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiros (NEAFRO), da Teia do Conhecimento, ambos da Universidade
Católica de Brasília, e da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas
(FENATRAD).
Depoimentos:
Gabriela
Veloso Ribeiro, 4º semestre, Direito: O projeto Promotoras Legais Populares
pelo Trabalho Doméstico Decente tem contribuído bastante para mim em diversos
aspectos. Enquanto acadêmica de Direito a contribuição veio com a leitura de
diversos textos acerca de temas como direitos humanos, direitos trabalhistas,
trabalho doméstico, tráfico de pessoas, questão de gênero, patriarcado, raça,
entre outros assuntos. O grupo realizou também diversos estudos acerca de
educação popular, de modo que foi possível aprofundar conhecimentos sobre
extensão, a partir da leitura de obras do grande mestre Paulo Freire,
compreendendo o significado e a importância da extensão universitária tanto
para a comunidade quanto para estudantes. Além disso, o contato desenvolvido
com a comunidade ao longo do ano ajudou a despertar a minha atenção para os
problemas da sociedade que me cerca, chamando atenção para minha
responsabilidade enquanto ser humano. Também contribuiu para a desconstrução de
muitos preconceitos, como a ideia de que apenas os membros das universidades
seriam capazes de levar o conhecimento à comunidade, foi possível descobrir
que, na verdade, não se leva conhecimentos, trocam-se conhecimentos.
Joyce
Siqueira, 5º Semestre, Serviço Social: O projeto possibilita sairmos da zona de
conforto da Universidade. Ele faz com que você encare a realidade, muitas vezes
essa realidade sendo diferente da que vivemos, é um desafio! No projeto PLP-TD
aprendemos na prática a lidar com as diferenças e a entender porque essas
diferenças existem, aprendemos a fazer uma leitura de realidade, leitura que
muitas vezes não adquirimos nas salas de aula, porque não a vivemos. Você passa
a notar a realidade e vê-la com outros olhos. A junção da teoria e da prática
nos possibilita essa nova visão de realidade, nos faz pessoas mais críticas.
Karin
Lisboa, 5º semestre, Direito: Após um semestre dedicando-se às oficinas na
Estrutural, as estudantes, perceberam uma evolução não só intelectual como em
suas ações. O trabalho no projeto levou-as a buscar cada vez mais o
conhecimento e despertou a curiosidade para os problemas sociais. (...) Um
exemplo claro dessas mudanças é a participação cada vez maior das estudantes em
espaços públicos, expondo seus pontos de vista e buscando soluções através de
discussões para os conflitos entre Estado e sociedade. Tais transformações
contribuíram para uma postura mais segura e empoderada das discentes,
transformando-as inclusive em sala de aula e colaborando para motivá-las no
curso de graduação.
Laura
Guedes, 4º semestre, Direito: Quanto ao desenvolvimento acadêmico das
estudantes, é possível identificar alguns avanços significativos, consequentes
a diversas ações. A construção do projeto contou, por exemplo, com dois cursos
de formação para os/as estudantes interessados/as. Nestes cursos abrimos a
mente para um novo mundo, um mundo que existe, mas que era invisível aos nossos
debilitados olhos. Um mundo que poderia existir, mas que nossos pré-conceitos
nos impediam de sonhar.
Michelle
Carvalho, ex-estudante do curso de Direito: Tanto as mulheres que estão fazendo
o curso quanto as estudantes que auxiliam as oficinas estão descobrindo
problemas que estavam enterrados na própria consciência coagida pela sociedade
machista em que vivemos. Assim, elas vão se sentindo mais fortalecidas para não
só expor seus problemas cotidianos, mas também para organizar uma mobilização
que possa fazer com que tal situação seja mudada.