Quinta-feira, 09 de dezembro de 2010
80% dos jovens vítimas da violência serão negros
Até 2013, 487 adolescentes entre 12 e 18 anos devem ser assassinados na Região Metropolitana de Goiânia. Números obtidos em uma estimativa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), em estudo que mede o impacto da violência entre os anos de 2007 e 2013. De acordo com o documento, nomeado Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), os jovens negros têm quatro vezes mais chances de serem vítimas de homicídio que os brancos. A proporção que sugere, do total de mortos na Grande Goiânia, 389 serão negros.
Com 330 mortes, a capital deve liderar o ranking de assassinatos nos sete anos de estudo. O município de Aparecida de Goiânia, o segundo maior do Estado, aparece na sequência, com 136 jovens assassinados; seguido por Trindade, com 21 adolescentes mortos entre 12 e 18 anos.
Apesar de o número de mortes ser considerável, Goiânia - com 2,3 mortes em cada grupo de mil adolescentes - pode ficar bem distante, em números proporcionais, de outras cidades como Luziânia e Valparaíso de Goiás. Nestes municípios, o número de mortos - 130 e 108, respectivamente - sugere que 4,7 e 6,1 jovens, na referida faixa etária, em cada grupo de mil, podem perder suas vidas vítimas da violência urbana.
O número de mortos a cada mil habitantes - também chamado de IHA - será usado pela Se cretaria de Direitos Humanos para avaliar fatores que podem ampliar o risco de mortes entre adolescentes, como raça, gênero e idade das vítimas. Foram avaliados 266 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes e um prognóstico de quase 33 mil adolescentes mortos nos sete anos. Em ranking com as 27 capitais, Goiânia tem o 11º menor IHA do Brasil.
Segundo o documento, os homícidos representam 45% do total das causas da morte de pessoas entre 12 e 18 anos no Brasil. Os homicídios são praticados, em sua “esmagadora maioria”, com utilização de arma de fogo - seis em cada sete.
SITUAÇÕES DE RISCO
Para o professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG) Flávio Sofiati, “infelizmente” a parcela negra da população, assim como o mostra o estudo, ainda é maioria nas situações de risco, seja como promotores ou vítimas da violência. No entanto, ele diz que esta participação dos negros no mundo do crime não é tão fácil de ser explicada.
Sofiati analisa que esta parcela da população é, na verdade, vítima da intolerância e da falta de assistência dos poderes públicos, o que dificulta a integração de negros às camadas populares têm acesso à educação, entre outras oportunidades.
Isto, em sua opinião, acaba por levar os negros a serem vítimas de uma violência só comparável a situações de guerra. “Os governos ainda se preocupam muito pouco em promover a integração destas pessoas. É uma herança que vem ainda do período colonial e quando essas pessoas eram vistas como escravas.”
Matéria publicada pela Assessoria de Comunicação da UFG em: http://www.ascom.ufg.br/?id_pagina=1291912679&site_id=83
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