PaPara acessar a ma´teria completa cique No domingo, o O HOJE publicou entrevista
 com a integrante do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, a
 procuradora de Justiça Ivana Farina Navarrete, que declarou que no 
Brasil os presos provisórios são aproximadamente 41% dos detentos. “Tem 
muita gente presa há mais de anos sem sequer ter ido a uma audiência”, 
revelou Ivana.
No domingo, o O HOJE publicou entrevista com a integrante do Conselho de
 Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, a procuradora de Justiça Ivana 
Farina Navarrete, que declarou que no Brasil os presos provisórios são 
aproximadamente 41% dos detentos. “Tem muita gente presa há mais de anos
 sem sequer ter ido a uma audiência”, revelou Ivana.
De acordo com o secretário de Estado da 
Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus) Edemundo Dias, a 
situação é “mais grave” em Goiás. O titular da Sapejus afirmou que nos 
presídios goianos o número de presos provisórios ultrapassa os 50% da 
população carcerária goiana. Dias disse que o fato se agravou por erro 
histórico do sistema de Justiça Criminal que tem prendido muitas pessoas
 antes de elas serem condenadas em definitivo.
“Há a inversão no Brasil. A sociedade 
cobra por justiçamento. E para saciar essa cobrança, o sistema 
brasileiro de Justiça Criminal, elitista e arcaico, atende ao apelo”, 
disparou o secretário. Sobre a quantidade de presos provisórios em 
Goiás, Dias afirmou que o aceitável seria algo em torno de 20% da 
população de detentos no Estado. “Nós estamos acima da média nacional.”
Ao afirmar que concorda “quase que 
plenamente” com Ivana, o secretário explicou o que acontece geralmente. 
“Hoje uma mulher que furtou uma fralda em um supermercado de Goiânia, se
 ela for pobre e de baixo nível de escolaridade, fica presa de 4 a 5 
meses”, alertou Dias.
O promotor de Justiça de Execução Penal 
Haroldo Caetano da Silva, do Ministério Público do Estado de Goiás 
(MP-GO), disse não ter informação sobre presos provisórios há anos 
detidos sem serem julgados por não ser o responsável por acompanhar o 
assunto. Mas afirmou que existem hoje cerca de 2 mil pessoas 
encarceradas provisoriamente e que o número de presos dos regimes 
fechado e semiaberto juntos seria algo em torno dos mesmos 2 mil.
“A prisão provisória deveria ser 
excepcional, de preferência ser até evitada”, declarou o promotor. Para 
ele, a medida de prender provisoriamente teria de ser a “exceção” e não a
 “regra”. “Há uma distorção do sistema, que se tornou uma espécie de 
aplicação antecipada de pena.”
Segundo Caetano, há no senso comum uma 
ideia disseminada de que quem cometeu um crime tem de ser preso mesmo 
sem ser julgado. “Virou regra geral no sistema penitenciário. O ideal 
seria que outras medidas alternativas à prisão fossem adotadas, com uso 
mais comedido da detenção em caráter provisório”, afirmou o promotor.
Um dos pontos levantados pela 
procuradora em sua entrevista ao O HOJE foi a não conclusão do concurso 
público para criação em definitivo da Defensoria Pública em Goiás. O 
promotor disse concordar que a inexistência dessa oferta de serviço em 
situação de igualdade ao aparato legal existente para acusar e punir uma
 pessoa impossibilita que o preso ou acusado tenha garantido o direito à
 defesa com a mesma qualidade dos serviços de acusação realizados por 
órgãos como o Ministério Público.
Tentativa de solução
O secretário afirmou que está em 
andamento um convênio para reduzir a quantidade de presos provisórios na
 Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia. “Hoje temos 20 
advogados da Defensoria Pública analisando os casos de cada preso da 
CPP”, esclareceu. Dias apontou outras medidas foram adotadas. Entre elas
 estão reuniões com outros órgãos públicos para analisar a situação 
carcerária de Goiás e a adoção de tornozeleiras eletrônicas para 
monitorar presos. “Estamos debatendo com todas as instâncias da Justiça 
Penal.”
Mas o secretário afirmou que é preciso 
corrigir os “erros históricos” do sistema de Justiça Criminal no Brasil 
para que não perpetue um sentimento de impunidade que, segundo ele, 
acaba por gerar manifestações violentas, pessoas que resolver fazer 
justiça com as próprias mãos e uma sensação de ausência do Estado. Para 
ele, apesar de também ser violência o ato de prender alguém, apenas o 
Estado tem a autorização e prerrogativas legais para uso da violência 
como “detentor do controle e o monopólio da violência”.
Para Dias, quando a pessoa substitui o 
papel do Estado em sua função delegada e passa a usar a violência para 
fazer justiça com as próprias mãos, cria-e no imaginário coletivo a 
figura de um Estado que perde sua instituição. “Corremos o risco de 
regredirmos no conceito democrático de sociedade, com a possibilidade de
 forças repressoras e respostas violentas de direita e esquerda, com 
perigo dos excessos, podem ser levantadas, o que causaria reações 
traduzidas em violência. São forças que se estabelecem na ausência do 
Estado”, se preocupou o secretário.
Juiz reconhece que situação é nacional
Ao ser informado da declaração da 
procuradora, o juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça do 
Estado de Goiás (TJ-GO) Carlos Magno Rocha da Silva comentou que não há 
registros no Judiciário goiano de presos provisórios que estão há anos 
detidos sem terem as acusações contra eles julgadas. “O último mutirão 
carcerário que fizemos foi realizado em setembro do ano passado e não 
foi constatado nenhum caso como o descrito pela procuradora”, afirmou o 
magistrado.
Rocha explicou que nos mutirões são 
revisados os processos dos presos em Goiás e que, mesmo com o trabalho, a
 possibilidade de haver casos como foi denunciado pela procuradora não é
 descartada. “Nós pedimos e agradecemos a quem puder fornecer nomes de 
presos ou número de processo para que a Corregedoria Geral de Justiça do
 Estado de Goiás possa analisar e verificar se houve falhas e 
corrigi-las”, explicou o juiz.
Sobre a situação de haver muitos presos 
provisórios nas cadeias, o magistrado concordou com a declaração da 
procuradora e afirmou que essa é uma situação vivenciada por todos os 
estados brasileiros. “É realizado um grande trabalho em Goiás para que o
 número de detentos provisórios caia para um número aceitável.”
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