Austregésilo Carrano Bueno
  
 SEQÜELAS...E...SEQÜELAS 
Seqüelas não acabam com o tempo. Amenizam. 
Quando passam em minha mente as horas de espera, sinceramente, tenho dó de mim. 
Nó na garganta, choro estagnado, revolta acompanhada de longo suspiro. 
Ainda hoje, anos depois, a espera é por demais agoniante. 
Horas, minutos, segundos são eternidades martirizantes. Não começam hoje, 
adormeceram, a muito custo...comigo. 
Esta espera, oh Deus! É como nunca pagar o pecado original. É ser condenado 
A morte varias vezes. 
Quem disse que só se morre uma vez? 
Sentidos se misturam, batidas cardíacas invadem a audição. 
Aspirada à respiração não é...é intronchada. Os nervos já não tremem...dão 
solavancos. A espera está acabando. Ouço barulho de rodinhas. 
A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me, fazer parte do cimento do quarto. 
Olhos na abertura da porta rodam a fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado, 
tento fuga alucinante. Agarrado, imobilizado...escuto parte do 
meu gemido. 
Quem disse que só se morre uma vez? 
Austregésilo Carrano 
Poema das 4 horas de espera para ser eletrocutado...(aplicação da eletroconvulsoterapia) 
Do livro O Canto dos Malditos de Austregésilo Carrano. 
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