22 março 2010

Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural, do Ministério da Cultura, repudia o ato de agressão e preconceito contra mãe cigana em Jundiaí (SP)

Ontem à noite, no "Fantástico", assisti estarrecida ao caso das agressões cometidas pela guarda municipal de Jundiaí, São Paulo, contra uma jovem mãe cigana e seu bebê. A violência ali mostrada pelas lentes das câmeras de um reporter atinge,  pelo seu conteúdo de puro preconceito contra um grupo étnico-cultural, não apenas a jovem cigana, mas também a sua comunidade como um todo. E não apenas aos ciganos. É uma violência que atinge também a diversos segmentos minoritários neste país e em diversas partes do mundo. Meses atrás, no segundo semestre de 2009, por exemplo, o mesmo "Fantástico" noticiava o caso do judeu ultra-ortodoxo que ao ser detido em flagrante sob acusação de contrabando, foi acintosamente despido de seus símbolos identitários e religiosos mais caros. Casos assim dão sinais de que em setores sensíveis ao contato com o público (policiais, guardas municipais e até mesmo conselhos tutelares), prevalece ainda em grande medida a ignorância, o preconceito, a arrogância etnocêntrica e a falta de preparo para lidar com a diferença. Ciganos e Judeus, vale lembrar, quase foram varridos do mapa da europa nazista numa medida "profilática" chamada "solução final".
Abaixo, segue a nota da Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural, do Ministério da cultura, em repúdio aos atos de violência sofridos pelos ciganos no caso de Jundiaí.
Prof.ª Rosane Lacerda.
Repúdio contra preconceito
SID repudia preconceito contra mãe cigana em Jundiaí - SP
A Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural (SID) vem a público repudiar a atitude da guarda municipal de Jundiaí, interior de São Paulo, que tomou, à força, a filha de 1 ano e 2 meses da cigana Dervana Dias, por determinação da justiça, baseada apenas numa denúncia anônima.
Para a SID, que apoia o segmento com ações para a proteção e promoção da cultura do povo cigano, a atitude da polícia e da justiça local, além de violenta, foi motivada por preconceito, tendo em vista que a cigana estava lendo as mãos dos transeuntes, e não pedindo esmolas utilizando a filha para sensibilizar as pessoas.
O Padre Wallace Zanon, coordenador Nacional da Pastoral dos Nômades do Brasil, acredita também que a ação policial tenha sido movida pelo preconceito. “A cigana estava lendo a mão e esse é o seu trabalho. Eu já vi muito esse tipo de preconceito contra os ciganos no Brasil”, afirma o padre, que entrou em contato com a diocese da cidade de Jundiaí pedindo para que a igreja local acompanhe o caso.
Para o padre todas as pessoas envolvidas no episódio eram despreparadas para lidar com a situação, principalmente os policiais que usaram de violência contra a mãe. “A imagem mostra claramente o policial torcendo o braço da cigana que estava desesperada pela perda da filha”, observou o coordenador da Pastoral dos Nômades.
Ele ainda considerou absurda a declaração da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente, Solange Giotto, de que não havia outra forma de tirar a criança da mãe e de que ela não sofrerá traumas pela separação. A criança foi colocada em um abrigo, chora o tempo todo e não consegue se expressar em português. “Qualquer outra criança teria traumas ao ser retirada dessa forma dos braços da mãe. Por que com uma criança cigana seria diferente?”, pergunta Padre Wallace, ainda estarrecido com o episódio.
Para a advogada do Centro de Referência dos Direitos do Povo Cigano, Dra. Vanessa Martins de Souza, a cena foi chocante e a atitude dos policiais chegou a ser cruel. “Nós já entramos em contato com o Ministério Público de Jundiaí e estamos tentando localizar a mãe, que parece estar acampada em outro local”, disse a advogada. Ela informou ainda que o Centro de referência, que desenvolve trabalho conjunto com a Secretaria dos Direitos Humanos, da Presidente da República, e com a Pastoral dos Nômades para a proteção dos ciganos, está buscando todos os órgãos competentes e se colocando à disposição da mãe para fazer a sua defesa junto à justiça de Jundiaí.
(Heli Espíndola-Comunicação/SID)

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