07 maio 2011

Prof. Cançado Trindade recebe o título de Professor Emérito da UnB

Antônio Augusto Cançado recebe título de professor emérito

Juiz da Corte Internacional de Haia foi celebrado por amigos e colegas em crimônia no Beijódromo

Thássia Alves - Da Secretaria de Comunicação da UnB
"Melhor sermos injustiçados do que sermos injustos".
Antônio Augusto Cançado Trindade

A trajetória humanista de Antônio Augusto Cançado Trindade, professor aposentado Instituto de Relações Internacionais (IREL), foi homenageada nesta sexta-feira, 6 de maio, no auditório do Memorial Darcy Ribeiro. O ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos e juiz da Corte Internacional de Justiça, em Haia, recebeu o título de professor emérito da Universidade de Brasília.

Alexandra Martins / UnB Agência


Durante a cerimônia, os professores Norma Breda dos Santos e Estevão Martins fizeram discursos sobre a influência acadêmica e intelectual do jurista. “Ele é tido como um verdadeiro gentleman por todos que o conhecem”, afirmou Norma. “Cançado não é apenas um formador de opinião, é um transformador de opinião”, completou a professora. “Construí um monumento mais duradouro que o bronze”, disse Estevão ao citar o poeta romano Horácio. “O bronze se empalideceria diante das realizações de Cançado”, afirmou.

O jurista ingressou na UnB em 1978 e participou da criação do curso de Relações Internacionais. “Pertenço ao grupo dos fundadores e até hoje me recordo do espírito com que criamos o curso”, disse Cançado. O curso foi pioneiro nas instituições de ensino superior brasileiras. A graduação em Relações Internacionais da UnB foi criada em 1974, e até 2001 foi a única oferecida por universidades públicas. “Cedo aprendemos a nadar contra a maré”, afirmou.

Cançado relembrou uma lição que fez questão de repassar a todos que foram seus alunos: “O poder não nos coopta, sequer nos vislumbra. Estamos sempre empenhados na busca do saber e no uso correto da linguagem, que são o nosso melhor antídoto”, disse. Para ele, é essencial aprender a conviver com a irracionalidade e com a rebeldia produtiva. “O espírito universitário era e é o de compreender primeiro o mundo. Sempre ensinei aos meus alunos a não deixarem de ser rebeldes. E ainda somos, rebeldes bem educados”, afirmou.

Enquanto falava sobre os seus 35 anos de UnB, Cançado ressaltou a importância de compreender o mundo antes de atuar nele. “Somos sedentos pelo saber. Precisamos entender o nosso entorno e a nossa existência, o que talvez signifique querer demais”, afirmou. “Em todo esse período, sempre nos esforçamos para preservar a liberdade acadêmica. Como hoje não posso estar mais no campus, levo-o comigo aonde quer que esteja”, disse. “Tudo começou aqui, nas catacumbas do Minhocão. A UnB foi e continuará sendo o meu mais derradeiro abrigo. Jamais me despedirei da UnB”, completou.

O título de professor emérito é concedido pela Universidade de Brasília ao docente, aposentado na universidade, que tenha alcançado uma posição eminente em atividades universitárias, após aprovação de integrantes do Conselho Universitário (Consuni).

Dentre os presentes, estavam Eiiti Sato, diretor do Irel, Maria Izabel de Carvalho, vice-diretora do Irel, George Lamaziére, diretor geral do Instituto do Rio Branco e Eduardo Gradilone, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior.

Questionado sobre as implicações da morte de Osama Bin Laden sob a ótica dos Direitos Humanos, Cançado preferiu não se pronunciar. O professor explicou que, se o caso for levado à Corte Internacional de Justiça e qualquer opinião dele for divulgada, ele poderá ser impedido de participar de um possível julgamento.

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