17 junho 2011

Protesto: Porque a Marcha das Vadias de Brasília?

Marcha das Vadias de Brasília – Divulgação


Estão sendo organizadas pelo Brasil e pelo mundo marchas de mulheres em defesa do direito de se vestirem e agirem da forma que quiserem sem que isso justifique qualquer violência sexual cometida contra elas. A Marcha das Vadias (ou SlutWalk) surgiu no Canadá, em abril, como protesto em resposta ao comentário de um policial que orientou as universitárias a não se vestirem como vadias (sluts) para reduzirem o risco de serem estupradas. Essa declaração causou revolta entre as canadenses, que foram às ruas numa marcha de cerca de três mil mulheres para combater o ideário machista que culpabiliza as vítimas de violência sexual.

Esse discurso que culpa as mulheres pelo estupro, seja pela forma como se vestem ou pela forma como se portam, não se faz ouvir apenas no Canadá, e milhares de outras mulheres ao redor do mundo sentiram-se ofendidas pela fala do policial e resolveram se manifestar contra o machismo. Um enorme movimento disseminado pela internet deu origem a outras marchas em vários países, chegando a Austrália, Suécia, Holanda, Escócia, Estados Unidos, Honduras, México, Nicarágua e, finalmente, ao Brasil. Aqui, os motivos para protestar são vários e, ao motivo principal, soma-se a recente declaração do humorista Rafinha Bastos de que mulheres feias deveriam dar “graças a Deus” por terem sido estupradas.

Na capital federal, casos recentes como o das duas adolescentes de 14 anos que foram embriagadas até ficarem inconscientes e estupradas, na última 4ª-feira, 8/6, em Ceilândia, e o da jovem de 24 anos que foi arrastada e estuprada por volta das 17h do último sábado, 11/6, na quadra 208 norte, chamam a atenção para a importância da marcha, que busca conscientizar a sociedade de que não são as mulheres que devem ser educadas para não se tornarem alvo de estupro, mas os homens que devem ser ensinados a não estuprar. Em uma cultura patriarcal que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher, como a divisão das mulheres em “santas” ou “putas”, todas as mulheres já foram ou serão taxadas de “vadias” pelos mais diferentes motivos, e o nome da marcha foi escolhido justamente para gerar debate e reflexão.

Mulheres em busca de respeito e autonomia sobre os próprios corpos estão convidadas a participar - sentindo-se livres para vestirem a roupa que quiserem - e homens solidários à causa também são bem-vindos. A concentração da Marcha das Vadias de Brasília será no próximo sábado, dia 18/6, às 12h, em frente ao Conjunto Nacional, de onde partirá seguindo pela rodoviária para chegar à Feira da Torre.

Somos todas santas, todas putas, todas livres! Somos mulheres e todas merecemos respeito!

Nenhum comentário:

Postar um comentário