11 agosto 2011

Classes A e B ainda são maioria nas universidades

UnB Agência



EDUCAÇÃO - 03/08/2011

Classes A e B ainda são maioria nas universidades

Aumento do número de estudantes das classes C, D e E foi de apenas 0,9% desde 2004

Henrique Bolgue - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Estudo apresentado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes) nesta quarta-feira revela que, apesar da democratização do acesso às universidades federais no Brasil, o perfil dos estudantes não mudou: mais de 66% dos estudantes ainda são das classes A e B. As classes C, D e E correspondem a 44% do total. Menos de 10% são negros, 45% saíram de escolas públicas e mais da metade usa o transporte coletivo para ir ao campus.

A pesquisa foi apresentada aos pró-reitores e secretários de assuntos comunitários das universidades federais nesta manhã. É a terceira do tipo. As anteriores foram em 1997 e 2004. O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, lembrou que, apesar de ser imporante para as instituições, os números não servirão se não forem traçadas metas claras para o próximo levantamento. Na reunião, vários pró-reitores concordaram sobre a necessidade de aumentar o auxílio aos estudantes de baixa renda.“A pesquisa mostra que há uma mudança no perfil e que temos hoje mais estudantes de baixa renda que no último levantamento realizado”, afirmou o presidente da Andifes, João Luiz Martins.

O estudo ressalta que 67,16% dos universitários pertencem às classes B2, C, D e E, que necessitam de alguma apoio institucional. A classe B2 corresponde à faixa de renda familiar de até R$ 4.500. "Precisamos de muito mais verba para conseguir atender a toda essa população", disse o pró-reitor de assuntos comunitários da Universidade Federal de Santo André, Joel Felipe. Luiz Cláudio admite a necessidade de aumento, mas lembrou a evolução desses repasses. "Enquanto o número de estudantes dobrou, o dinheiro para programas de assistência quintuplicou". Quando foi criado em 2007, o Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) tinha R$ 125 milhões de reais. Para 2012, a verba atingirá R$ 504 mlhões.

Apesar de o número de estudantes das classes baixas (C, D e E) ter aumentado, percentualmente a diferença é pequena. Em 2004, eram 42,8%; hoje são 43,7%. O maior aumento foi no percentual da classe C, que pulou de 30,9% para 33,6%, o que pode refletir as mudanças na própria sociedade brasileira. Entretanto, houve uma diminuição de alunos da classe D de 11,1% em 2004 para 9,6% em 2010. "O governo está olhando a educação como um todo para mudar esse cenário", disse Luiz Cláudio. Além de melhorar a educação básica, ele anunciou que o MEC aumentará o repasse para cursinhos preparatórios para alunos de escola pública. Alguns participantes pediram também mais discussões sobre cotas para escolas públicas e cotas para baixa renda.

DESAFIOS - Luiz Cláudio lembrou o importante papel das pró-reitorias que lutam contra o preconceito dentro do meio acadêmico. "Existe ainda uma resistência conservadora que acha que universidade é algo para ricos", disse. "Não fazemos nenhuma favor, é uma obrigação do Estado", apontou. Ele acredita que as universidades que têm mais políticas assistenciais estão entre as mais democráticas.

Luiz Cláudio apontou também que as cotas para negros podem ter sido importantes para a mudança no perfil das universidades. "Com certeza aquelas universidades que adotaram as cotas estão com um novo perfil", diz. Apesar de serem somente 8,7% dos universitários, o percentual de negros foi um dos que mais mudou desde o último estudo. Em 2004, eram 5,9%.

Os pró-reitores apontaram os próximos desafios da assistência estudantil. Atenção à saúde, ao transporte e ao meio ambiente precisam estar entre as prioridades."Precisamos avançar para que todos os universitários brasileiros tenham as mesmas condições", disse a professora Rachel Nunes, que integrou o grupo que elaborou a pesquisa.

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