08 outubro 2011

Evento na UFG estabelece relação entre normas de publicação científica e ética profissional

07/10/2011

Professores e estudantes são orientados a evitar plágios e fraudes em seus textos

Patrícia da Veiga
Para os cientistas, as publicações são parte importante de seu trabalho, pois revelam métodos, conceitos, resultados e inovações. Além disso, servem como fonte para outros trabalhos, inventários e diagnósticos sobre a produção de diferentes áreas do conhecimento. Por essa razão, é preciso haver critério e cautela na elaboração de textos científicos, o que demanda postura ética e o cumprimento de normas.

Esta temática foi apresentada, discutida e aprofundada na quinta-feira, 6 de outubro, durante o primeiro dia do Seminário Ética em Pesquisa e Redação Científica, realizado no anfiteatro da Faculdade de Medicina. Uma realização da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), o evento conta com a participação de aproximadamente 300 pessoas.

Pela manhã, proferiu palestra de abertura o professor Ricardo Azevedo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), que é editor chefe do periódico Annals of Applied Biology. Ele falou sobre a postura ética exigida em publicações. “Os pesquisadores devem ter responsabilidade, pois um deslize pode atrapalhar sua carreira, a imagem da instituição, os discentes, a visibilidade do periódico, o corpo editorial e até mesmo a sociedade”, alertou.

Na oportunidade, Azevedo descreveu o que é considerado internacionalmente “fator de impacto” para as publicações. Segundo ele, a quantidade de citações e de visitas aos portais de periódicos são alguns dos indicadores da relevância e do reconhecimento dos textos científicos. E são essas marcas, justamente, que podem levar à tentativa de fraude ou plágio. Este ocorre, genericamente, com a reprodução de ideias, textos e dados de outrem. Já a fraude consiste na manipulação ou até mesmo na falsificação de informações.

Plágio - Como o financiamento da pesquisa científica está diretamente atrelado ao volume de publicações, a corrida pelo reconhecimento pode ser marcada por “deslizes” ou por má conduta dos pesquisadores. A questão da autoria foi abordada pelo professor, sendo o ponto crucial para os debates sobre plágio. Para ele, há diversos modos de se identificar a cópia de textos e muitos manuais trazem recomendação aos pesquisadores. Contudo, o que deve valer é, acima de tudo, o bom senso. “Há casos em que as citações são feitas de forma errada para que não se note o plágio total do texto. Há também reproduções de parte do trabalho dos próprios pesquisadores, o chamado 'autoplágio', questão esta bastante controversa”, observou. Dois dos sites que podem auxiliar professores e estudantes são: www.plagiarism.org e www.plagio.net.br.

Além do "autoplágio", o tema da "autocitação" também foi abordado e considerado motivo para dissenso entre os cientistas. Segundo Azevedo, muitas publicações mencionam repetidas vezes os seus próprios trabalhos, aumentando o índice do “fator de impacto”. Contudo, isso pode gerar desconfiança entre os pesquisadores. “É pertinente citar o próprio trabalho, mas deve haver medida”, comentou.

Os critérios para a consolidação de um periódico também foram tratados por Azevedo, que sinalizou para a importância do trabalho de revisão e do engajamento dos editores chefes. “Eles devem servir como mentores de novos editores”. O Seminário Ética em Pesquisa e Redação Científica segue nesta sexta-feira, com uma oficina de redação ministrada pelo professor Gilson Volpato, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp/Botucatu).

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