26 maio 2012

Aconteceu Hoje: A Marcha das Vadias

Este final de semana é dia de Marcha das Vadias pelo Brasil.

Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife, Curitiba, Salvador e várias outras cidades marcharão. Confira cidades, datas, horários e locais no calendário das marchas ou no evento do facebook.


Criada em 2011, na cidade de Toronto, Canadá, a Slutwalk reverberou pelo mundo espontaneamente, como uma resposta a culpabilização das vítimas de violência sexual. No Brasil, foram criados coletivos ao redor das marchas, constituindo espaços de mobilização feminina. A partir das redes sociais o movimento diversificou-se. Grande parte das Marchas das Vadias brasileiras foram gestadas nas universidades, o que acaba dando um rosto jovem ao evento. Porém, suas reivindicações são históricas como mostra o manifesto: Por que marchamos? do coletivo Marcha das Vadias do Distrito Federal.

Marcha das Vadias no Rio de Janeiro em 2011. Foto de Alexandre Borges no Flcikr em CC, alguns direitos reservados.
Feminismo na Marcha das Vadias
A Marcha das Vadias não nasce como uma iniciativa do movimento feminista, mas suas propostas tem raízes no feminismo. Sonya Barnett e Heather Jarvis, criadoras da Slutwalk de Toronto falam em entrevista ao site Feministing sobre os desafios do feminismo hoje (livre tradução):
Heather Jarvis: O desafio é dobrado. Primeiramente, existe essa visão de que o feminismo está morto e não precisamos mais dele, pois as conquistas estão garantidas. Isso está associado a ideia de que o feminismo é algo referente a nossas mães, avós, tias, ao que elas fizeram. As pessoas ainda pensam que é sobre sutiãs sendo queimados (o que é absurdo e um mito), não depilar as pernas, lutar pela legalização do aborto e o direito de votar. Elas acham que isso se refere a algo do passado, não se envolvem com o feminismo porque não tem uma visão dele no contexto moderno. Muitas pessoas não reconhecem o que acontece ao seu redor como sendo algo feminista. Ganhamos apoio de pessoas jovens, especialmente na Slutwalk. O movimento ganha novas vozes com a utilização da mídia online. Porém, muitas pessoas ainda dirão que o feminismo não tem mais espaço atualmente, porque não percebem que estão envolvidos em uma iniciativa feminista, em uma causa feminista. Trata-se de uma grande desinformação sobre o feminismo.
Sonya Barnett: Para mim, signifca lidar com aqueles que trabalham duro para esmagar o feminismo. É muito difícil tentar impulsionar a igualdade de direitos, quando há várias pessoas tentando nos arrastar para baixo. Convencendo as pessoas sem apresentar todos os fatos ou usando táticas alarmistas.
Tivemos muita visibilidade na mídia e apoio de blogs feministas, educadores e pessoas que compartilharam suas histórias pessoais, é fenomenal. Mas na outra extremidade há um pequeno percentual (mesmo que pequeno, eles têm uma voz grande estes dias para fazer barulho suficiente), que por qualquer razão — seja para fazer manchetes maiores, obter melhores avaliações ou apenas para ser ouvido e atuar como advogado do diabo — têm trabalhado duro para empurrar a idéia de que nós somos hipócritas ou não temos idéia do que estamos fazendo. Dizendo que deveríamos ter vergonha do que fazemos, que não tenho direito de ressignificar palavras ou que não temos experiência com questões feministas.
Não somos ativistas feministas institucionalizadas. Eu nunca estive em um protesto antes, nem partipei de movimentos ativistas. Mas estamos aprendendo e tem sido incrível para mim. Admito que eu comecei do zero, mas aquelas pessoas que se sentam atrás de seus computadores não têm idéia do trabalho duro por trás. É irritante, porque eles têm o conforto do anonimato, dizendo que não deveríamos estar fazendo isso, ou deveríamos estar fazendo outra coisa, quando eles próprios não estão fazendo nada e nem estão trabalhando para nenhuma das causas que consideramos importante.
Acredito que o feminismo, como todo movimento social, é mutável. Porque seu objetivo é modificar estruturas sociais, mas isso não é garantia de um mundo perfeito. Viver em sociedade é uma luta diária e individual, mas precisamos sempre reforçar a coletividade.

Clique aqui para acessar a matéria no blog das Blogueiras Feministas
Fonte: http://blogueirasfeministas.com/2012/05/marcha-das-vadias-coletividade-e-mobilizacao/

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