Uma das empresas beneficiadas emprestou jato ao então ministro da Agricultura em 2011
REYNALDO TUROLLO JR. DE SÃO PAULO
Dois agrotóxicos chegaram ao mercado sem passar pela avaliação da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que examina eventuais
danos à saúde humana.
Essa avaliação é obrigatória para o registro no Ministério da
Agricultura, mas foi "pulada". Um dos dois produtos beneficiados é o
Diamante BR, inseticida da Ourofino Agronegócios.
A empresa é a mesma que, no ano passado, emprestou um jatinho ao então
ministro da Agricultura Wagner Rossi, do PMDB, no episódio que acelerou
sua queda.
O outro produto que não passou pela avaliação da Anvisa é o Locker, fungicida da FMC Química do Brasil.
O Locker teve registro publicado no "Diário Oficial da União" em junho,
mas estava no mercado desde março. O Diamante BR teve o registro
publicado em setembro. Além desses produtos, há irregularidades com ao
menos mais três -dois da Ourofino.
As
vendas do Diamante BR e do Locker foram proibidas após o Ministério da
Agricultura publicar no "Diário Oficial da União", em 17 de outubro, a
suspensão do IAT (Informe de Avaliação Toxicológica) desses produtos.
O
ex-gerente de Toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles, denunciou
suspeita de corrupção e irregularidades em carta numa rede social.
Segundo ele, houve até a falsificação de sua assinatura. O caso foi
revelado ontem pelo jornal "O Globo".
Na
carta, Meirelles diz ter feito a denúncia. Sem "orientação [da Anvisa]",
pediu à diretoria a exoneração do gerente de Avaliação de Riscos,
Ricardo Augusto Velloso -publicada em 22 de outubro.
Na semana passada, Meirelles foi surpreendido com sua própria exoneração.
OUTRO LADO
Segundo a Anvisa, a demissão de Meirelles "não tem relação direta" com a apuração.
Velloso
disse desconhecer a falsificação de assinaturas para liberação de
produtos. Afirmou ainda que prestou os esclarecimentos durante as
apurações na Anvisa, ao contrário do que afirmou Meirelles no texto da
carta aberta.
A reportagem não conseguiu falar com responsáveis pela FMC e pela Ourofino.
Colaborou a Sucursal de Brasília
--
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
Secretaria Operativa Nacional
fone: (11) 3392 2660 / (11) 7181-9737
site: www.contraosagrotoxicos.org
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