10 dezembro 2012

Caros Amigos: Relatório aponta violações de direitos humanos em 2012


Relatório aponta violações de direitos humanos em 2012
Sexta, 07 Dezembro 2012 15:59
 
por Alexandre Bazzan , de Caros Amigos
 
Trabalho escravo e indígenas são alguns dos pontos do documento da Rede Social de Justiça e DH

 
Foi divulgado pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos nessa quarta-feira (5) o relatório Direitos Humanos no Brasil 2012. O documento organizado por Tatiana Merlino e Maria Luisa Mendonça passeia por várias questões preocupantes como o trabalho escravo, o uso de agrotóxicos, o genocídio que vem acontecendo nas periferias, violações provocadas pela proximidade dos megaeventos, questões indígenas, de povos tradicionais e quilombolas, além das diversas lutas dos trabalhadores e das mulheres, e conta com artigos de diversas pessoas e a colaboração de mais de 30 entidades nos de diferentes campos de atuação.
 
A cerimônia de divulgação do relatório contou com a apresentação do artista Ivan Vilela, que com sua viola de dez cordas homenageou Luiz Gonzaga por seus 100 anos, bem como a música tradicional brasileira. O evento ainda homenageou Regina Merlino (que não pode estar presente) e Angela Mendes de Almeida, ambas do coletivo Merlino; Débora Maria da Silva, do grupo Mães de Maio, e Abla Saadat, do Comitê de Mulheres Palestinas, representada por Sâmia Gabriela Teixeira, da organização Palestina para Todos.
 
Em seu agradecimento, Angela destacou que "a luta por justiça é também a luta por memória". Débora lembrou que "os crimes de maio são uma história que ainda não foi contada". Sâmia aproveitou o ensejo para usar palavras de Abla no agradecimento afirmando que "o sofrimento das mães de maio é mais doloroso porque as mães palestinas sabem quem é o inimigo, e o inimigo das mães de maio é invisível".
 
À Caros Amigos, Angela Mendes de Almeida disse que "esse é um relatório que dá um quadro geral das injustiças no Brasil inteiro, e acho que é um instrumento pra quem tá no dia a dia batalhando". Ela ainda falou sobre a luta do coletivo Merlino que recentemente teve uma vitória nos tribunais sobre Carlos Alberto Brilhante Ustra, algoz de Luiz Eduardo Merlino:"Eu acho isso(a homenagem) extremamente encorajador, nossa luta foi muito difícil no começo, deslanchada a luta foi muito complicado porque as pessoas tão recalcando a memória da ditadura, então o prêmio é uma coisa que incentiva, leva adiante essa luta".
Mães de Maio, Mães do Cárcere
O grupo Mães de Maio também lançou na quarta (5), o segundo livro do grupo, "Mães de Maio, Mães do Cárcere - a Periferia Grita". Débora Maria da Silva explicou que o título é porque "o sofrimento de uma mãe das vítimas de execução é igual ao das mães das vítimas encarceradas, muitos deles são pessoas inocentes que tão lá dentro porque são pobres, são negros, então nós fizemos essa mesclagem... A mulher, ela é verdadeira vítima, põe um filho no mundo, sofre quando perde e quando tá encarcerado muito mais, porque a criminalização do estado contra nós pobres periféricos é assim, quando não mata encarcera; quando encarcera, depois que sai, a pena de morte é decretada, tendo em vista que a maioria desses jovens que tão sendo mortos, alguns tem passagem na polícia, como se quem tem passagem na polícia tem que ser exterminado. O governo tá abolindo o crime de lesa humanidade. Eu acho que a população do Estado de São Paulo é uma população covarde, ela deveria ir pra rua e dizer basta. Nós estamos reagindo, nós não estamos mortos... Não é normal a perda de um filho, não é normal a gente ver várias mães vegetando à base de remédio, não é normal o estado matar nossos filhos e simplesmente dar as costas, é mais um, é estatística. O meu filho não é estatística, o filho das mães não é estatística."
Esquadrão da Morte
A militante que teve o irmão desaparecido há 30 anos, vítima de esquadrão da morte; o marido executado por ser testemunha de um crime e, depois, perdeu um filho, disse que é a luta contra a impunidade que dá forças às mães: "Eu vou ficar no sofá esperando matar meu neto? Não, eu levantei, eu vim pra luta. Esse é o segundo livro nosso, o primeiro nós fizemos uma tiragem de 3.000 livros... É um grito periférico, é um grito de poetas invisíveis, de vários saraus que tão sendo fechados, que tão sendo criminalizados, porque nós temos um sistema opressor, nós temos uma prefeitura militarizada, a gente tem que lutar contra a militarização do município, do estado e da política."
 
Relatório
Sobre o relatório ela destaca a importância afirmando que "eles fazem o encorajamento das Mães de Maio, eles quem trazem a tona ao povo pra se conscientizar sobre o que está acontecendo com nossos indígenas, nossos quilombolas... esse relatório é muito bem vindo".
 
Para os mais céticos, os numerosos casos de violações aos direitos humanos podem ser desanimadores. Débora, por outro lado afirma que "a solução é a rua, que é a característica das Mães de Maio para sermos um verdadeiro símbolo da luta pela vida."
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