17 maio 2013

O que se comemora amanhã: Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Austregésilo Carrano Bueno


SEQÜELAS...E...SEQÜELAS





Seqüelas não acabam com o tempo. Amenizam.
Quando passam em minha mente as horas de espera, sinceramente, tenho dó de mim.
Nó na garganta, choro estagnado, revolta acompanhada de longo suspiro.
Ainda hoje, anos depois, a espera é por demais agoniante.
Horas, minutos, segundos são eternidades martirizantes. Não começam hoje,
adormeceram, a muito custo...comigo.
Esta espera, oh Deus! É como nunca pagar o pecado original. É ser condenado
A morte varias vezes.
Quem disse que só se morre uma vez?
Sentidos se misturam, batidas cardíacas invadem a audição.
Aspirada à respiração não é...é intronchada. Os nervos já não tremem...dão
solavancos. A espera está acabando. Ouço barulho de rodinhas.
A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me, fazer parte do cimento do quarto.
Olhos na abertura da porta rodam a fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado,
tento fuga alucinante. Agarrado, imobilizado...escuto parte do
meu gemido.
Quem disse que só se morre uma vez?

Austregésilo Carrano

Poema das 4 horas de espera para ser eletrocutado...(aplicação da eletroconvulsoterapia)
Do livro O Canto dos Malditos de Austregésilo Carrano.

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