08 novembro 2010

O maior vestibular da história da UFG e o curso de Direito

O maior vestibular da história da UFG e o curso de Direito
Maria Cristina Cardoso Pereira,
especialmente para este Blog.

O Diário da Manhã, edição de 4 de novembro de 2010, estampou na primeira página que a UFG realizará o maior vestibular de sua história.

Ensino público, de qualidade, gratuito e laico finalmente são reconhecidos como os grandes trunfos da UFG. Dos quatro adjetivos, sem dúvida a qualidade é a que sai ganhando.

Ao contrário do que muitos pensam, o ensino gratuito, por si, não atrai alunos - se fosse assim, certamente nossas escolas públicas de ensino elementar e médio estariam abarrotadas por todas as classes sociais do país, o que não é bem o caso. É a qualidade do ensino, somente possível com os melhores professores, mais bem titulados e escrutinizados através de concursos públicos, e os melhores alunos, escolhidos por vestibular concorridíssimo, o grande atrativo da Universidade Pública Brasileira. É sobre o último aspecto que gostaria de tecer alguns comentários.

Especificamente no campus Jataí a nossa relação candidato-vaga no curso de direito se encontra em 10,23, muito próxima de Cidade de Goiás (10,80), ainda que distante de Goiânia (28,17 no noturno).

Não pensem, entretanto, que tal procura no vestibular é saudada por todos os setores da comunidade acadêmica. As instituições privadas de ensino temem que levemos os melhores alunos - o que, de fato, ocorre. Nestas instituições a possibilidade de promover a elevação educacional de alunos com formação deficitária não é vista como uma oportunidade, mas como uma perda: afinal, suprir carências da educação básica e fundamental no ensino superior exige gastos que nem sempre as mantenedoras privadas estão dispostas a assumir.

Entretanto, no interior da universidade pública também ouvimos críticas: em reuniões do Conselho Superior do CAJ a Coordenação do Curso de Direito teve oportunidade de escutar de colegas de outros cursos que o direito lhes "roubava" candidatos no vestibular. Não acreditamos nessa hipótese, apesar de popular no campus.

Cremos que no curso de direito o aluno deve possuir muito apreço à leitura e à escrita, além de um senso crítico apuradíssimo e afinidade com o universo formalíssimo das leis e rituais do judiciário. Somente os que realmente estabelecem empatia com o direito são capazes de suportar a carga de leitura e responsabilidade exigidas durante os 5 anos de curso.

A despeito das críticas, os cursos de Direito na UFG - e do CAJ em especial - saem prestigiados. Convido todos a comemorar essa boa notícia que significa a vitória do ensino público, de qualidade, gratuito e laico.
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* Advogada, Doutora em Ciências Sociais e Coordenadora do curso de Direito do CAJ-UFG.

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