04 novembro 2010

Rondó da Liberdade

Rondó da Liberdade

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que revoltam contra a escravidão.

Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
A expressão mais elevada do que houver de mais livre
Em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

Carlos Marighella

(In: Pemas. Rondó da Liberdade. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994, p.96)

Nascido em 1911, filho de operário imigrante italiano e de negra descendente do povo Haussá, Marighella resistiu à ditadura varguista do Estado Novo e ao regime Militar de 1964. Foi morto em emboscada, em 4 de novembro de 1969.

Nenhum comentário:

Postar um comentário