Publicação: 20/08/2012 11:45
Atualização:
20/08/2012 16:43
Professores
da Universidade de Brasília (UnB) e representantes do comando local de greve se
reuniram na manhã desta segunda-feira (20/8) para tentar retomar a greve. A
paralisação, que durou quase três meses, terminou na última sexta-feira (17),
em decisão
polêmica. Segundo os docentes, a decisão pelo fim da greve é legal, mas
“politicamente ilegítima”, já que muitos professores não participaram da
assembleia extraordinária.
Muitos
professores deixaram de dar aula para participar da reunião, que teve início às
9h30 e terminou pouco depois das 11h. Docentes e alunos lotaram o Auditório
Dois Candangos, foram cerca de 300 participantes. O objetivo do encontro era
propiciar um espaço para que os professores pudessem expressar suas ideias e
debater os últimos acontecimentos da greve.Paralelamente, havia também a proposta de recolher assinaturas de 10% dos associados da Associação dos Docentes da UnB (AdUnB), equivalente a 230 aproximadamente. Com esse percentual, uma assembleia auto-convocada deve ser marcada em até 48 horas. Até o momento, eles recolheram 260 assinaturas no livro que está no auditório e foram deixados outros nos departamentos, que serão recolhidos às 18h.
No
encontro foram discutidos sete encaminhamentos para a assembleia auto-convocada.
Os principais foram o não reconhecimento da decisão de sexta-feira pelo fim da
greve e destituição da direção da AdUnB. O comando local de greve deve se
reunir às 18h para debater o que foi discutido hoje com os docentes da
universidade. O grupo se encontrou com o 1º secretário da associação, Jaime
Martins de Santana, e apresentou os encaminhamentos.
A AdUnB
terá até as 16h30 para dar uma resposta. A professora Daniele Nunes, que
presidiu a mesa no auditório Dois Candangos, afirmou que espera que “um raio de
lucidez caia sobre a AdUnB para que decidam por manter a assembleia de amanhã”.
Caso a AdUnB decida que a assembleia, anteriormente marcada para a próxima
terça-feira (21/8), não deva ocorrer, os professores vão fazer a assembleia
auto-convocada.
Ato
duplo
Em ato
duplo, docentes e estudantes fizeram uma “marcha murmurante” até a reitoria da
universidade para simbolizar que suas vozes estão sendo caladas. Os alunos, que
continuam em greve e pretendiam fazer um ato de repúdio à retomada das aulas,
se uniram ao protesto dos professores e devem se encontrar às 14h no Ceubinho
para discutir os rumos do movimento.
Na
reitoria da UnB, os manifestantes se reuniram com o reitor, José Geraldo de
Souza Júnior. Ele afirmou que, apesar de a UnB não estar mais em greve, as
datas finais do calendário acadêmico continuam suspensas e a reunião do
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que aconteceria na próxima
quinta-feira (23/8) para validar o novo calendário de aulas, não deve mais
ocorrer.
Estudantes
Lucas
Brito, do comando local de greve estudantil e aluno de serviço social, conta
que os alunos continuam em greve, fato que pode mudar amanhã na assembleia no
Teatro de Arena. Lucas reclamou da postura do Diretório Central dos Estudantes
(DCE) sobre o fim da greve. “O DCE validou a decisão da assembleia de
sexta-feira. Como sempre, o comando de greve estudantil continua as atividades
sem o DCE”, reclamou.
As irmãs
Elaine Cristina Brandão, 21 anos, e Aline Brandão, 22, estudantes,
respectivamente, de educação física e pedagogia, apoiam a continuidade da
greve. “Eu acho que foi desonesto o que a AdUnB fez. A greve já prejudicou
muito os alunos, então, agora os professores só devem parar com a greve quando
conseguirem o que estão reivindicando”. Aline afirma que a greve não traz
prejuízos aos alunos: “Não vejo a greve como algo que traz prejuízos para o
ensino, pois são reivindicações para melhorar a educação. É um caso complicado
e os alunos tem que entender as causas dos professores e acompanhar os fatos”.
O
calouro de agronomia Henrique Luiz Pierdona, 16 anos, estava em Luiz Eduardo
Magalhães, na Bahia, com os pais e, quando ficou sabendo do fim da greve na
última sexta-feira teve que se apressar para voltar a Brasília. “O pior é que
eu posso ter voltado a Brasília à toa se a greve voltar. Todo mundo tem direito
de reivindicar, mas eles tem que pensar no lado dos alunos também. Agora
voltamos a ter aula do ponto que paramos antes da greve, sem revisão. É um
prejuízo muito grande para o aprendizado”.
Confira
a agenda do comando local de greve estudantil
20 de
agosto - segunda-feira
14h -
reunião dos alunos no Ceubinho para decidir as estratégias para a continuidade
da greve estudantil
16h -
cinegreve no CaLet (Centro Acadêmico de Letras)
21 de
agosto - terça-feira
9h -
assembleia estudantil no Teatro de Arena
Clique aqui para acessar esta matéria no site do Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário